quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

"Rede Invisível: Como Ferramentas Digitais são Usadas para Espionagem e Contrainteligência"

 



ZunZuneo 

foi um serviço de mensagens de texto semelhante ao Twitter, desenvolvido e financiado secretamente pelo governo dos EUA, especificamente pela USAID (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional). O projeto foi lançado em Cuba em 2010 com o objetivo de criar uma plataforma de comunicação independente do governo cubano e, eventualmente, incentivar a mobilização política da população contra o regime.

A ideia era atrair usuários com conteúdos inofensivos, como esportes e entretenimento, para depois introduzir mensagens com temas políticos e incentivar protestos. No auge, ZunZuneo chegou a ter cerca de 40.000 usuários, mas foi encerrado abruptamente em 2012, quando o financiamento acabou e o projeto foi exposto.

O caso gerou controvérsia porque envolveu operações clandestinas em um país estrangeiro e levantou questões sobre o uso de programas de desenvolvimento para fins políticos.

O código-fonte do ZunZuneo nunca foi disponibilizado publicamente, então não há informações detalhadas sobre a linguagem de programação ou a arquitetura usada no projeto. O que se sabe é que o sistema funcionava como uma rede de mensagens SMS e utilizava servidores externos para gerenciar o tráfego de dados, sem depender da infraestrutura controlada pelo governo cubano.

Relatórios indicam que o projeto foi estruturado com a ajuda de empresas terceirizadas, e-mails falsos e servidores hospedados fora de Cuba para esconder sua origem. A USAID (Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional) financiou o serviço por meio de empresas de fachada registradas em países como Espanha e Irlanda.

Se tivesse sido lançado hoje, provavelmente seria baseado em uma combinação de Python, PHP ou Node.js para o back-end, com integração a gateways SMS, e bancos de dados como MySQL ou PostgreSQL para gerenciar

Atualmente,  existem iniciativas semelhantes que buscam criar redes de comunicação alternativas em países com restrições à internet ou forte censura governamental. Algumas delas incluem:
  • Psiphon – Um software de código aberto que permite aos usuários contornar bloqueios de internet, muito usado em países com censura digital. Desenvolvido como um software de código aberto baseado em tecnologias VPN, SSH e proxy HTTP. Criado para Windows, Android e iOS.
  • Briar – Um aplicativo de mensagens descentralizado que funciona via Bluetooth ou Wi-Fi sem necessidade de internet, útil em locais onde a conectividade é restrita. Construído sobre a rede Tor e usa criptografia ponta a ponta. Desenvolvido para Android e projetado para funcionar sem internet via Bluetooth ou Wi-Fi.
  • Lantern – Um sistema que redireciona o tráfego da internet para contornar bloqueios, sendo usado em países como China e Irã. Desenvolvido em Java e funciona como um proxy P2P para contornar censura. Disponível para Windows, macOS, Linux, Android e iOS.
  • FireChat (descontinuado) – Permitia comunicação sem internet por meio de conexões entre dispositivos próximos, popular em protestos em Hong Kong. Baseado em tecnologia de redes mesh, permitindo comunicação offline via Bluetooth e Wi-Fi. Disponível para Android e iOS.
  • ToTok – Um app de mensagens banido por suspeitas de espionagem por governos, semelhante ao caso do ZunZuneo. Aplicativo de mensagens tradicional desenvolvido para Android e iOS, suspeito de ser uma ferramenta de vigilância dos Emirados Árabes Unidos.
As redes mencionadas acima, são controladas por diferentes entidades, algumas privadas e outras ligadas a iniciativas governamentais ou ativistas. Aqui está um resumo de quem controla cada uma delas:
  • Psiphon – Desenvolvido pela empresa canadense Psiphon Inc., é financiado parcialmente pelo governo dos EUA e por organizações que promovem a liberdade na internet.
  • Briar – Um projeto de código aberto, mantido pela Briar Project, uma organização sem fins lucrativos focada na privacidade e descentralização.
  • Lantern – Criado pela Team Lantern, recebe financiamento de organizações pró-liberdade na internet, incluindo o governo dos EUA por meio da Open Technology Fund (OTF).
  • FireChat (descontinuado) – Desenvolvido pela empresa americana Open Garden, que depois mudou seu foco para outras tecnologias.
  • ToTok – Apesar de parecer um app comum, investigações sugerem que era controlado pelos Emirados Árabes Unidos para vigilância.
  • Telegram – Fundado pelos irmãos russos Pavel e Nikolai Durov, atualmente baseado em Dubai, mas sem vínculos diretos com governos.
  • Signal – Mantido pela Signal Foundation, uma organização sem fins lucrativos criada por Moxie Marlinspike e Brian Acton (cofundador do WhatsApp). Seu código é aberto e não depende de financiamento governamental.
  • Telegram – Construído em C++ para o back-end e usa Swift/Kotlin para os apps móveis. Possui criptografia MTProto e servidores distribuídos globalmente.
  • Signal – Criado em Java (Android) e Swift (iOS), com um back-end baseado em Go. Usa o protocolo de criptografia Signal, um dos mais seguros.
Muitos desses serviços recebem apoio financeiro de governos ocidentais, especialmente dos EUA, para promover a "liberdade de expressão" em países com censura. No entanto, isso levanta debates sobre interesses políticos e possíveis usos estratégicos dessas redes.